Monday, February 25, 2008

De verdades substituíveis (cont)

Mas eu estava mesmo era no metrô. Momento de pressão para uma rápida reconfiguração de noções infantis. O mesmo cheiro de nylon e veludo cotelê embebidos em pigarro de tabaco barato. O mesmo de Shanghai, mesmo que pretensamente disfarçado de seda. Porque, em Shanghai, faz-se ouvidos moucos para todas essas bobagens. Londres é mesmo uma pletora. Pronto, substantifiquei o adjetivo. Londrinos flamboyant merecem, no melhor estilo anos 60.
Eu pensei em tudo isso no metrô. E daí vi meu primo. Bateu aquela fome, e nós paramos para que eu me abastecesse de 10 mini baozi por 1 real. No caminho de volta para o hotel, passei no mercadinho para abastecer o frigobar aqui do hotel. Acabei saindo com frutas e um biscoito que é difícil dizer se é doce ou salgado. Pensei que, após as recorrentes tentativas do John de desmistificação de que a cozinha britânica é a pior do mundo, devo ter reservas para a primeira semana de viver de frigobar e comida ensacada.
E é preciso dizer algo sobre o John. Ele é o menino-mago do outro musical aquele (blé!) e um excelente cozinheiro. Ou um grande enganador, porque o mistério que envolve a culinária britânica foi, para mim, resolvido depois do Yorkshire Pudding. Confesso que, depois de um dia todo visitando o Museu da História Natural, o Museu da Ciência e, depois, passando do criador para as criaturas, os museus V&A, a Galeria Nacional e a cadeira do Van Gogh, eu precisava mesmo de alguma comida de conforto. Juro que, pensando nisso, fiquei hoje tentada a experimentar a “booy massage” que tem aqui ao lado do meu hotel. Porém, isso só depois de lavar as minhas roupas íntimas na pia e comer uma bergamota. Porque é possível achar fruta em qualquer canto do mundo da China.
E, no papel assumido de uma caçadora feminina - e com um pouco mais de cabelos - de mitos, abro o “auto desafio” para sugestões de nossas maculadas cabecinhas ocidentais. Vou descobrir a verdade e toda a verdade sobre os mitos do antigo mundo. Palavra. Essa história, por exemplo, de que não há liberdade de expressão no Império do Meio é uma falácia, reflexo resultante (wow!) de nossas brigas intestinas em aceitar que nós, descendentes diretos dos greco-romanos estávamos ainda escalando árvores quando um chinês qualquer (ou teria sido um bando deles?) inventou a filosofia. Só na TV do meu hotel, por exemplo, há 50 canais. Sendo 20 deles versões diferentes da CCTV, a TV estatal. Então, viva a pluralidade das idéias.
Mas claro que tudo isso é ficção. Eu pensei nisso tudo no metrô hoje à tarde.

1 comment:

.... said...

e eu não tinha lido ainda. que falha.