Tuesday, February 27, 2007

De Zulus e africaaners

A chegada na África do Sul foi uma sensação especial. Depois de chorar muito ao deixar a China, eu estava entrando no lugar onde sempre quis estar. E nunca foi tão doce. É uma cidade linda. Bom, não é beeem uma cidade. Ao menos não parece assim aos olhos. São grandes highways que levam a pequenas ruas, onde ficam os prédios e as pessoas. Mas, para minha tristeza, é muito difícil vê-las.
Depois do Apartheid, em 94, a situação mudou, mas ser branco ainda é uma coisa controversa. Pensava na minha pele e sentia vergonha, frustração, amargura, raiva. Não podia ir ao centro da cidade - onde as pessoas estavam -, porque não era seguro para gente como eu. Fui, então, na companhia de um negro, visitar Soweto, a maior favela do mundo. Claro, só pude ir à Soweto dos turistas. Lá, nem mesmo com negros é bom visitar. Fiquei muito frustrada, mas valeu por conhecer a casa do Mandela. Também fui ao museu que conta a história do massacre de 16 de junho de 1976, quando milhares de estudantes foram mortos, porque protestavam contra a obrigatoriedade do ensino em Africaaner nas escolas de negros, ao contrário do ensino em Inglês. Quem poderia competir assim?!
É preciso dizer uma coisa sobre negros e brancos na África do Sul: é notável a diferença. Os africanos são de uma doçura incrível. Sorriso fácil. Não porque eu sou clara - como na China. Apesar de eu ser clara. São doces. Sempre devolvem um desinteressado como vai?! com um sorriso sincero. Estive apaixonada nesses dois dias. Por todos eles.
No segundo dia, realizei um sonho: Safari. Fui a uma cidade-parque chamada Sun City. Um resort construído dentro de um vulcão há muito desativado. Lá fica o único hotel seis estrelas do mundo. As diárias são ridículas, bem como a possibilidade destes ricos circularem pelos corredores. Ficam lá, brancos, sozinhos, com suas camas macias e frigobares.
A dez minutos dali fica o parque onde fizemos o Safari. São 55 mil km² de savana. Bem do jeito que via nos meus velhos livros de geografia. Não consegui encontrar os preguiçosos felinos - o calor era demais para eles -, mas encontrei os 3 outros animais que compõem os Big Five animals da África do Sul: Bufalo, Rinoceronte, Elefante. Faltou o leão. Ah, e o leopardo. Mas vi macacos. E eles me encantam cada vez mais. Girafas, bambis, zebras. É indescritível a sensação de estar no meio deles. E, muitas vezes, sentir-se tão próximo dos mesmos...

De Hong Kong Hiking

Na teoria, Hong Kong e Macau já são territórios chineses. Mas somente na teoria. Na prática, ambas cidades são tomadas por burocracias e ares europeus.
Chegamos a Hong Kong às 11h e fomos direto para Stanley, uma área turística próxima à praia. Queria mais (2)?! Lugar lindo. Para sentar, meditar, olhar o horizonte, comprar camisetas idiotas de turista. Um bom almoço numa brasserie francesa e em direção ao Peak. Lá, algumas coisas para ver. Pelo menos foi a indicação que recebemos da mãe Fellini paulista. Mas eu, claro, com o meu maldito guia, decidi que queria visitar o Victoria Garden. Cabeça dura, decidi e lá fomos. Como o nome diz, Peak é um morro. A parte mais alta de Hong Kong. Começamos a subir uma estrada que muito me lembrou a subida da serra gaúcha. Estranhamente, o que era para ser perto ficava cada vez mais distante. Assim como a capacidade de oxigenação da moça aqui. Logo passavam menos carros, e a estrada ficava mais estreita. Já não havia mais calçada para pedestre, e o fato de nunca ter havido ali um pedestre tomava nossa cabeça de questionamentos. Será que é aqui mesmo?! Desta vez eu não queria desistir, perder para meus mapas. Subimos até encontrar uma pequena casa, que nos assegurou que o jardim ficava, sim, naquela direção. Ou seja, para cima. O que era para ser uma caminhada de 10min virou uma aventura pela selva da ilha. Três (3) milhas depois (uma hora e meia de caminhada morro acima), chegamos ao que, na hora, já tinha se tornado Victoria F***ing Garden. Mas valeu cada gota de suor. A vista é linda. E estávamos somente nós lá, com alguns carros menos corajosos.
No retorno, uma parada para um chopp. Descemos uma parada antes do que deveria só para aproveitar a passagem. Sorte. Chegamos à rua dos bares com mais facilidade. Aquilo é uma pequena Londres, como o resto da cidade. Escolhemos um bar beeem chinês para começar o Happy Hour. A China gosta muito de Happy Hours e Ladies' Nights. Sentamos e a vista não era das mais agradáveis - mas hilária. Lembra do que eu falei sobre a revolução sexual chinesa?! Pois... Ao vivo e em cores... Wow!
Segundo bar foi vítima da malandragem brasileira. Caminhando, escuto um rosnar. Uma moça quer me entregar um folheto. Sorrio, agradeço, e sigo andando. Mas algo passou pela cabeça e resolvi olhar de novo: Free beer. Okay. Pegamos um cupom que nos levou a um bar de Rugby. Okay. Este detalhe aside, foi legal beber um pint de graça e jogar uma conversa fora com o barman...
Ladies' Night no bar dos barmen do Nepal. Sem comentários. Tomamos Cosmopolitans enquanto apreciávamos a vista. Esta, sim, valeu a pena. E cada segundo de dor de cabeça da mistura no dia seguinte.
Voltamos para Macau a meia noite, cheias de fotos. Foi um dia especial. Hong Kong vale a pena. É uma China para turista ver. Organizada, simpática, cheia de placas. Melhor andar por ali. Mapas são dispensáveis...

De Fellinis

Os paulistas que me receberam nos últimos dias em Macau são os representantes no Brasil da família Fellini. Sim, Frederico, o primo. Morri. Morri pela segunda vez quando, ao entrar no que seria meu quarto, vi o quadro do "8 e 1/2", meu preferido.
Queria mais?!

Tuesday, February 20, 2007

De festividades e finalizacoes

Volto a ausencia dos famigerados acentos. Sei que nao eh melhor, mas tb nao acho que seja pior.
Os ultimos dias em Macau foram como se fossem os primeiros - ah!, tem sido mesmo. Meu aniversario comecou e terminou de maneira catastrofica. Ao som de Celine Dion. Nasci no dia em que eh Dia dos Namorados no mundo. Macau insiste em lembrar que estou sozinha e gritar ao mundo que sou solteira. Primeiro, resolvi me levar para jantar e para um drink. Esperando um taxi, um casal vem falar comigo. Ela, brasileira, ele ingles. Ambos testemunhas de Jeova. Ganhei, de aniversario, a ultima edicao de "Jesus salvara o mundo do sofrimento" (ano IV, n13). Eu, toda montada esperando um taxi e eles querendo me fazer sentir culpada por mitologias lamentaveis. Okay. Mudo de rua. Meia hora depois entro num taxi e vou para uma rua de bares. Sao meia duzia de sinais da Heineken, na verdade. Primeiro, nao conseguia uma mesa - porque havia casais por todos os lados. Onde consegui havia um cardapio especial para que nao estivesse acompanhado. Pode?! A revolucao sexual chinesa eh algo bastante questionavel. Sentei no bar mais vazio que havia e ganhei uma rosa. Fiquei duas horas sozinha la, ao som de Continental 98.3 FM. Quando Celine Dion comecou a puxar aquelas notas mais altas, pedi a conta e me mudei para um outro bar. La tinha gente, mais do que casais. Consegui uma mesa perto do palco. Atras do palco, um telao passava o carnaval no Rio de 2004, com as imagens mais absurdas dos "paises baixos" das mulatas brasileiras. Quis entrar dentro do meu casaco. Agradeci, enfim, por estar sozinha. Nao precisando conversar com ninguem, ninguem saberia que sou brasileira - e eu nao precisaria sorrir aos comentarios "carnaval", "beautiful women", "Ronaldo" etc. Fiquei chocada. Ate que a banda comecou a tocar.
Duas meninas e dois rapazes, todos de blusas vermelhas. Estranho. Era tipo karaoke, mas um deles tinha uma guitarra. As meninas usavam saias que, se eu abrisse os brincos delas e os colocasse em volta da cintura, teria um comprimento maior. Fiquei chocada. Elas pareciam mais nuas que as mulatas da Sapucai. A revolucao sexual chinesa eh algo estranho. Eu nao posso sentar porque sou solteira, mas elas andam nuas... Voltei depois de um Gin para meu longo pijama.
Desde que o Ano Novo comecou, tudo fechou e, portanto, fiz mais turismo. Visitei alguns lugares novos, "caminhei por ruas nunca andadas". Em Macau eh preciso ter o espirito aventureiro. Ha de se entrar nos becos. Eles sempre levam para algum lugar. Nesses ultimos dias, minha amiga paulista de Shanghai veio e, com ela e as primas, fiz algumas coisas de juventude. Fomos a festas e coisas. No dia do ano novo - dia 17 para 18 - , vi a queima de fogos do bar Casablanca, com o dono do jornal. Nao foi nenhuma Copacabana. Mas tambem nao foi pela TV ( e de TV chinesa ja me basta!). Naquele dia a tarde assisti aos shows no centro da cidade. Uns grupos folcloricos de Guanxi e o desfile dos 12 signos do zodiaco. A danca do dragao foi muito mais legal. Um grupo de 10 meninos levava o dragao, seguindo os comandos de uma menina. Foi realmente bonito. O dragao eh muito importante aqui e, por isso, foi especial. O grupo folclorico ainda nao sei. Eles dancavam, mulheres contra os homes, ao que me pareceu, mas se uniram no final para derrotar um touro - que nao faco a menor ideia do que significa. Tentei perguntar, mas ninguem sabia. E tb ninguem sabia o que eu dizia. Nem em portugues, nem em ingles, nem em chines. Mas fiquei feliz que falei em chines diversas vezes. Mudando frases, alternando verbos. Procurando entendimento. Nao consegui, mas a vitoria pessoal me colocou um sorriso honesto no rosto.
Depois da queima de fogos fomos a um bar que estava sendo inaugurado. Lin-do! Lindo, lindo mesmo. Fica no 21o andar de um predio e se chama Sky 21, A musica nao eh grande coisa - nem as dancarinas de saias de brinco de argola -, mas a vista eh fenomenal. Ficamos por um tempo e entao seguimos para um outro bar, dentro de um Cassino. Esta nao foi a minha primeira vez (ainda) dentro de um Cassino. E tb nao foi minha primeira vez naquele bar. Assim que cheguei, quis ir embora. E entao entrei no taxi.
Eu, na caipirice de cidade pequena, imaginava os Cassinos como algo incrivel, pois sao ridiculamente lindos por fora. Pessoas interesantes fumando charuto, mulheres de vestidos, chapeus, glamour. Que nada. Eram os chineses do dia que estavam la, perdendo aquilo que ganharam construindo o cassino dois meses atras. Em tres anos, Macau cresceu como nunca. Crescimento diretamente proporcional ao numero de Cassinos. Nas minhas converss por aqui, descobri que, para os locais, os Cassinos foram a perdicao. Alem de terem trazido muitos chineses pobres como operarios (e com isso, pequenos furtos), deram ainda mais poder a mafia chinesa. E os locais estao pobres e viciados. Foi uma cena triste ver um senhor, de chinelos, socando a mesa ao perder as ultimas fichas. Mas o vocalista da banda parecia o Chris Cornel. Eles tocaram ACDC e fiquei feliz. E foi ver uma Macau que eu nao conhecia.
Conheci uma mulher de Guine Bissau. A primeira da minha vida. Muito inteligente e querida.
Do Ano Novo chines, algumas curiosidades. E lixo. Acredita-se que eh o momento de varrer as casas e se livrar dos entulhos. A cidade esta tomada de carpetes velhos e cheiro de tinta nova. Muitos fogos e pedidos de protecao aos ancestrais. Eu, que sou rato, devo manter, neste ano, meus planos. As festividades terminam no dia 3 de marco - dia dos namorados na China (so porque eh o 18o dia da lua). Eu, por fim, estarei solteira, mas longe.

KUNG FAT CHOI!!!
Amanha sigo para Hong Kong e, entao, Africa do Sul. Chego em POA dia 27, em torno das 18h. Respondido.

Tuesday, February 13, 2007

De discretas ironias

Na China acredita-se que, ao nascer, a pessoa já tem 1 ano. 24, então. Mas hoje não será sobre a China. Será sobre mim. Acordei pensando onde foi que perdi este ano. Não sei ao certo se foi um ano de infância, ou de adolescência, ou se ainda vou perder sendo adulta. Mas isto me levou a pensar. Claro, é o que sei fazer melhor. E me levou a fazer um levantamento daquilo que foi e de tudo que esta por vir.
Peguei um táxi e fui ao templo budista A-ma, para clarear as idéias. Fiz as pazes com Buda, ou ele comigo. A coisa com os deuses é que sempre achamos ter controle, mas são eles que nos guiam, no fim. Lembrei que, há pouco menos de um ano, rezei para que Deus me deixasse morrer. Hoje, não. Pedi que Buda me desse saúde e mais sabedoria para lidar com o inusitado.
Pensei muito na China também, e nos segundo que me separaram de tomar outras decisões no passado. Se... Se... Se... Bom. “Se...”, eu não estaria aqui. Não sei o que me levou a aceitar – ou esquecer – planos passados, mas o fato é que eles me trouxeram para longe de tudo e todos. Para o outro lado do mundo. E estar 11 horas distante do Brasil me fez pensar no que deixei ai também. Minha mãe. Amei-a e a odiei. Hoje a tenho como algo preciso, precioso. Um ser humano. Meu pai, que me alegra tanto ao me permitir ser uma criança perto dele. Minha avó, que nunca deixou de me amar – mesmo quando não fui a melhor das netas (ou filha). Minhas irmãs, que põem cores nos meus dias. Meus amigos.
Já chorei de saudades de um deles enquanto conversávamos, olhando nos olhos. Mas também já fiz uma amiga chorar, quando disse que iria embora. Acho que assim a gente se apaixona. Ou se apaixonou. Já fui a uma exposição de arte ucraniana e amei um amigo. Já deixei amigos para trás, fiz novos.
Já me apaixonei por um estranho, e me desapaixonei assim que nossos olhares desviaram e cada um seguiu seu caminho. Mas acho que isso vai acontecer para sempre na vida dos aquarianos. Já beijei de olhos abertos. Já fingi dormir para não discordar – ou ter de argumentar.
Já dancei Madonna na frente do espelho, fazendo do desodorante microfone. Já cantei Audioslave a todo o volume, mas já ouvi Billie Holiday baixinho, baixinho, até parar de chorar. Mas também ainda não sei se não existe pecado do lado de baixo do Equador ou do arpuador. Hoje acho que não há em nenhum.
Já tive o mesmo sonho duas vezes. Mas, de sonhos, realizei poucos. Mas imprescindíveis. Nunca vi a torre Eiffel, nem o muro das lamentações, mas estive na Muralha da China – e aqui não faço julgamentos ou juízo de valor. Não estive na África, ainda. Mas já fui massageada por um cego.
Já mandei um e-mail para um político, pensando que pudesse mudar o mundo. Já quis ir para a África, pensando que poderia mudar a África. Fiz as pazes om a minha mãe – e consciência -, e isso mudou a minha vida.
Aprendi a chorar sem fazer barulho. Nem mesmo sentir. Mas também aprendi a distribuir sorrisos para aqueles que menos esperavam.
Já comi cobra, engoli sapos. Disse o que queriam ouvir, mas também falei aquilo que realmente pensava. Já fiz alguém chorar por isso. Outros gargalharam, outros sorriram educadamente. Já dormi sem tomar banho. Já fingi gostar de uma música para agradar alguém. E já deixei de gostar de uma musica porque me lembrava algo que partiu meu coração. Mas nunca tive uma musica com alguém. Não sei se algum dia cheguei mesmo a ter alguém. Mas acho que conquistei alguns pelo caminho. E eles a mim. E a todos agradeço a compreensão quando tive de partir. Mas também já fingi entender a partida alheia.
Já fiz tatuagem, e menti ao dizer que não doía. Como menti ao dizer que não doía dizer adeus. Ou ao dizer Olá, muito prazer.
Eu sou...
Já fumei ate não ter voz no dia seguinte. Mas também dancei, like no one was watching. Já bebi sozinha em casa ate tudo girar. Mas também fiz uma cesta de três pontos. Já tentei correr mais do que minhas pernas poderiam suportar. Mas também já corri em volta da quadra. Já quis ficar sozinha quando estava acompanhada. Já estive sozinha enquanto estava acompanhada. Já quis alguém quando ninguém lá havia, e aprendi a contar as estrelas assim. Sem me perder, pelo menos.
Mas já pensei que eu mesma fosse grande coisa. Hoje olho meus amigos e familiares e tenho orgulho – e sinto felicidade – em perceber como sou pequena. Acho que por isso já comprei mais do que podia carregar.
Não, CMJ, não sei nada sobre música francesa. Mas sei tudo o que me foi possível saber sobre Flaubert nesses 23 anos. E consegui entender o que ele sentiu no oriente.
Já mudei meus planos por alguém. Alguém já mudou os planos por mim. Mas jamais consegui encontrar o mesmo estranho duas vezes. Já vi o mesmo filme duas vezes. Uma depois da outra. Mas nunca fui a duas sessões de cinema. Já consegui o emprego que eu queria, e já me libertei dele quando não havia mais porquê.
Já estive na TV. Nunca fui famosa. Mas tenho um leitor fiel (o seu Geeeroge Cuozzo). Isso me lembra que já dancei coisas ridículas só para fazer alguém rir. E eu ri. E ri muito. Já chorei de rir. Já chorei de tristeza. De espanto, de solidão, de claustrofobia. Mas já ri ate mijar nas calças. Já fui professora, mas sei que quem aprendeu fui eu.
Já tomei cerveja quente e um dos 10 melhores vinhos do mundo. Mas nunca dividi um vinho do Porto. Já escutei o Big Ben. Já tropecei e já cai na rua. Já ajudei um cego atravessar. Já fui atropelada. Já estive no hospital, mas não desisti, e segui em frente. Já tive o cabelo de todas as cores. Mas ainda não sei qual a minha preferida.
Já esqueci o aniversario de alguém e depois fingi ter confundido as datas. Já tive peso na consciência. Já pedi perdão. Já perdoei. Mas nunca esqueci. Ou já, e agora já não me lembro mais.
Já menti para um estranho. Já falei mais do que deveria a um estranho. Já falei coisas que foram levadas como piada. E também ri de coisas que eram sérias.
Já tive um cachorro. Mas nunca tive um gato. Ah, tive um emprestado.
Já tive cinco festas de aniversario num ano, mas passo este sozinha. Com um vinho do Porto.
Já cometi erros, e não me arrependo. Talvez de tê-los cometido mais algumas vezes depois. Já me apaixonei por um amigo. Já menti minha idade. Já fiz que entendia. Já fingi escutar. Já fiz que sabia algo do que eu falava, sem ter a menor idéia.
Everybody hurts.
Ao umbigo bem educado, falta geralmente mundo. E sendo a cidade um mundo, o mundo não é uma cidade.
“Só quem exercita diariamente a escrita sabe que, por vezes, se impõem vozes que não são as nossas, que se discorre em nome de um anjo qualquer ou demônio que insiste em nos atormentar. E nada mais do que isso.
A vertigem da ficção, sobretudo de mim próprio, é um dos maiores prazeres a que me entrego e que também gosto de partilhar. Todos teremos um pouco desse vício de contemplar abismos internos, de questionar a existência que se nos se desfaz entre os dedos, como uma rocha arenosa. Quero agarrar, e não consigo. Quero pensar, e tudo esqueço. Quero andar, e vacilo. Felizmente há muito que tenho a certeza de não ter certezas. Não sou, logo existo”.
Já desisti de falar de coisas sérias o tempo todo. Prefiro divertir aos outros – e a mim – com meus disparates a ser uma chata a andar pelo mundo - de rodas.
O dia fútil, mais do que os outros dias: o dia das “discretas ironias”. Lembrei do meu amigo Daniel filósofo que, na distância de um celular, descobriu a fragilidade das relações humanas. Eu, longe do orkut, faço o mesmo. Sei que somente aqueles que interessam vão, hoje, pensar em mim. E isso me poupará de votos de amor, paz e harmonia. Não que eu não os deseje. Mas, bom, que sejE.
Nesse passeio pelo que foi aquilo que chamo de minha vida de “jás” e “nãos” há uma ressonância demiúrgica. Obrigada pai, mãe, Flávia, Lala, Bruna, vó, tata, Romanoff, por terem me colocado naquele avião. Ele não só me levou ao outro lado do mundo, mas me levou a mim, e ao ano que perdi no caminho.
Nunca plantei uma árvore. “Nem nunca” escrevi um livro. Mas já... Bom, quase.

Monday, February 12, 2007

De TV e aparicoes

Dia 18 de fevereiro eh Ano Novo Chines. Inicia-se o ano do porco - que eh dito ser um ano de generosidades e extravagancias. Adiantei o meu. Cheguei cedo ao jornal. Nao havia ninguem aqui ainda. Eu nao tinha chave. Mas a TV me encontrou. Tive de gravar uma mensagem de Ano Novo para os chineses. Em ingles. Num dia de cabelo ruim - tem chovido muito por aqui... Mas o pior foi ter que gritar "Ieeeeeeeeeiiiiii" ao fim, segurando com os dedos um V de vitoria. Nao era assim que eu queria ser conhecida na China.
Muito engracado...

De lusofagias

Quantos anos tem a chuva?


Imagino um professor de Português para quem na linguagem existe tudo, desde que a gente saiba ler, mas sobretudo existe tudo o que está fora da linguagem. Imagino um professor de Português que vem dizer que Deus está no pormenor – e que está também na palavra mais discreta e invisível.
Ele pegava num verso e desdobrava-o como fruto. Dizia, citando Herberto Helder: “Entrou na minha vida uma loucura branca”. Vamo-nos sentar em volta deste verso. E sentavam-se. “Alguém parte uma laranja em silêncio/ à entrada de noites fabulosas”. E avançavam pela noite das palavras.
Alguma coisa “entrou”. Não fui eu que enlouqueci, não fui eu que quis enlouquecer (é possível querer enlouquecer? Se fizeres muita força, és capaz? Ou já estavas a enlouquecer – devagarinho – quando disseste que querias enlouquecer?). Foi a minha vida que se transformou num lugar (vou contar um segredo sobre Herberto Helder: tudo nas suas palavras se converte em um lugar), e alguém entrou nele. A loucura – reparem – é como se fosse uma pessoa: bate à porta, entra? Quais são os seres que podem entrar na minha vida? Um gato, a noite, a doença, a morte – tu?
Aquilo foi loucura. Mas o que é a loucura? Abre-se à nossa frente um espaço de dois lugares simétricos: à direita, a razão, à esquerda, a loucura. Ou seria melhor imaginarmos o contrário? Haverá alguma cumplicidade secreta entre o lado esquerdo e a loucura? E ainda: serão mesmo dois lugares inteiramente simétricos? Não será que um parece fechado e arrumado, o lugar da razão, e o outro parece ser o que resta, o avesso do primeiro: a loucura como o outro lado da razão. Será que podíamos viver num mundo em que só houvesse o lado direito das coisas? Que traz ao mundo a loucura? E o mal? E a noite? E a morte? E tu?
“Entrou”, diz o poeta. Mas foi de uma só vez? Ou este “entrou” significa um gerúndio: “está entrando”. Um gato entra no meu quarto. Mas a loucura só pode estar entrando. Insto é, continuando a entrar. Até onde?
E por que “branca”? A loucura poderia ser “negra”. Deveria? Poderia ser cor-de-rosa? E amarela? Haverá uma loucura amarela? Que significam as cores? Como é que tu sentes as cores? Branco e negro são ainda cores? Uma loucura branca será aquela que vai tão longe no ver que acaba por cegar num excesso de luz? Podemos olhar o sol de frente? Podemos olhar a loucura de frente? Haverá aqueles que amam limites e aqueles que preferem habitar os patamares intermediários?
E depois o poeta abre a janela das perguntas: elas vêm na brancura do real. “Quantos anos tem a chuva, em que mudez nasce o álamo, com que passos chega a noite sobre o odor da salsa viva?”
Foi uma aula de Português: “O tempo leitor de um. Autor./ Ou um livro e um Deus com ondas de um mar/ mais pacientes./ Ondas do que um leitor devagar”.

Sunday, February 11, 2007

De infernos e frustracoes

Os dias de inferno astral pre-aniversario estao acabando. Pelo menos eu os sinto cada vez mais distantes, enquanto a idade avanca e eu me sinto mais velha. Oh, melodramas. Grande besteira. Pensei muito nisso ontem. Quis ir a uma exposicao da dinastia Qing que, de acordo com o meu mapa, ficava perto da minha casa. Como era domingo resolvi antes visitar um templo que fica a duas quadras do meu apartamento. So para acertar minhas dividas com Buda antes dos meus ultimos dias (de inferno, de jovem, de Macau...). Claro que caminhei por horas sem conseguir chegar ao Templo. E o pior eh que eu podia ver a construcao sobre as casas. Lembrei da primeira coisa que aqui coloquei - as torres sobre as casas de Nietzsche. Pensando nisso, entao, resolvi me lancar no antigo habito de Kant: a "promenade". Caminhei pelas mesmas ruas que sempre caminhei. Quisera eu poder encontrar o que ele encontrou. Nao. Nao consegui chegar a exposicao tambem. Ha algo de errado com meus mapas - ou comigo. Estou convencida que eh a estupidez juvenil dos meus 22 anos. Talvez, depois de quarta, serei mais sabia. Porque a gente pensa que sabe as coisas. Eu pensei que pudesse ler mapas, ao menos. Mas acho que estive errada o tempo todo. Assim como o fantastico esteve errado sobre Macau. Aqui NAO SE FALA PORTUGUES. Juro! Tentei pedir direcoes - em todas as linguas que sei dizer "direita" e "esquerda". Frustrante. O que consegui foi um sanduiche. Depois dele, tambem desisti dos templos. Nao se deve visitar Buda de estomago cheio, pelo que sei.
Mas minha mente estava vazia. Ao contrario de Kant, perdi alguma coisa pelo caminho. Era domingo, e eu nao deveria ficar em casa escutando as mesmas musicas de sempre, folheando as mesmas velhas paginas dos meus novos livros. Resolvi sentar um pouco a beira do reservatorio que fica ao pe do meu predio. O dia nublado favoreceu a angustia de nao ser capaz de lidar com nada. Sentei la por tres horas, observando. E entao me dei conta que era isso mesmo que deveria ter feito desde o inicio. Enquanto eu pensava no envelhecimento, dezenas de chineses passavam correndo por mim. Literalmente. Ha algo de estranho neste reservatorio. Alguns equipamentos de ginastica, uma pracinha para as criancas. Quem passa por ali, aproveita para colocar o corpo em dia com a mente. Corre um pouco, faz ginastica, olha para o horizonte. Alguns tem 4 anos, outros 70. E eu pensando nos meus 23... Ora me sentia mais proxima da pracinha, ora do horizonte. Mas nao tive vontade de correr. Ate porque minha bolsa pesava muito com meu inutil mapa.
Mas entao me dei conta de uma coisa: na China as pessoas nao envelhecem. Nao como nos, ocidentais. Estamos muito preocupados com caminhos, verdades e valores. Eles, nao. Estao preocupados com Yin e Yang. Com o equilibrio. Tentei me lembrar da ultima vez que me senti em equilibrio. Foi mesmo na primeira vez que meu pai me levou a Gramado. Esperava ansiosa ele terminar o cafe, fazendo inumeros barquinhos com o jornal do dia. Eu tinha 6 anos, e foi a primeira vez que vi manteiga em bolinhas, no restaurante. Aquilo me impressionou muito. Depois disso, alguns poucos momentos.
Ha um ditado chines que diz que aquele que esta sobre a montanha nao pode ver seu contorno. Eh verdade. Eh preciso sair dela para perceber sua forma.
Neste segundo de pensamento, um senhor passa pelo meu banco, carregando a netinha sobre os ombros. Trocamos olhares. A crianca sorri. Tudo que eu pensava naquele momento ficou distante, como os anos de quando eu tinha apenas 6. Levantei e voltei para as minhas mesmas musicas.

Sunday, February 04, 2007

De bagagens (d)e leituras

Esta semana li que na China, durante a dinastia Song, as pedras eram bastante apreciadas. Quem encontrasse um exemplar curioso poderia escrever ali seu nome e apresentá-lo como obra de arte. Também diziam que ninguém encontra uma pedra por acaso. Acho que é verdade. Muitas vezes, elas nos encontram.
A melhor coisa a respeito de Macau é que aqui é possível fazer tudo caminhando. Ir a todos os lugares. Por isso, tenho exercitado bastante o meu meio de locomoção favorito. Tênis nos pés, cabeça ereta. É possível se descobrir muitas coisas. E por isso a descoberta que fiz sobre a história das pedras na China me foi de grande valia. Passei a observá-las com mais atenção. Isto porque, em especial, nestas minhas andanças, acabo sempre tropeçando em alguma. O que não me acontecia com freqüência. Não que isso esteja relacionado às práticas dinásticas dos Song. Mas percebi que, a cada tropeço, eu parava. A linha do pensamento se rompia. Em alguns milésimos de segundo eu olhava para trás e relembrava onde eu estava e para onde ia. Via muitas pessoas a minha volta e, por isso, em cada tropeço há também uma rápida lembrança de não estar sozinho. Num milésimo de segundo. Mas passo pelas pedras incólume. Daí, então, penso que, de certa maneira, as pedras devem nos escolher. De alguma forma...

Li nesta semana também que há cerca de 500 mil habitantes em Macau. Todo o final de semana, mais 200 mil chegam à cidade para turismo. Não havia percebido ainda o peso desses números até hoje. Acordei cedo, preparei meu confortável tênis, meu livro sobre Macau sob o braço, um outro de poesia na bolsa – para eventuais e estratégicas paradas para descanso – e saí pela cidade. Eu e todos os 200 mil outros turistas. Encontrei a todos no caminho. Havia preparado um itinerário mais ou menos seguro. Tinha ido por aquelas ruas algumas outras vezes, e a chance de me perder seria menor. Lá estou eu, tênis e livros, rumando em direção ao Largo do Senado (o centro histórico português), quando vejo que a rua está bloqueada. Dezenas de policiais apitavam e indicavam uma direção – que definitivamente não era uma rota segura para mim. Parei por alguns instantes e vi o que acontecia: o ministro de Portugal está na cidade. Naqueles segundos, 500 anos de história se passaram pela minha cabeça, e tive de respirar fundo. Depois de tanto tempo, lá estava um brasileiro tendo que mudar novamente seu rumo natural por caprichos portugueses. Detestei o fato de ter que ir por onde todo mundo ia e não pelo meu caminho – ainda mais por causa de um português. No trajeto novo, nada especial. Algumas poucas pedras – mas elas me evitaram, todas, e eu fingi que não as vi. O interessante é que já havia visto algumas vezes pessoas nas esquinas queimando papéis em grande tonéis vermelhos. Descobri então que aqueles papéis eram todos relacionados a dinheiro – envelopes de banco, notas falsificadas, documentos, recibos. A queima desses materiais é feita como reverencia aos antepassados e uma prova de distanciamento no mundo material. Interessante.
Depois de retornar às ruas previstas, saí à procura da Casa do Mandarim. Construída em 1881, foi a residência do escritor Zheng Guanying, e representa uma mistura de elementos ocidentais e orientais. Caminhei por 40 minutos, alternando ruelas, e não consegui encontrar a tal casa. Suponho que seja só ficção mesmo.
Aproveitei a oportunidade e visitei a Rua da Felicidade. É uma ruazinha cheia de lojas de doces, confeitarias. Mas, há muito tempo, era onde ficavam os bordéis. Esta é a razão do nome. Apesar de não mais operar ali nenhuma casa dessas, acho que o nome ainda é apropriado... (Isto me fez lembrar que ontem, no jantar na casa do dono do jornal, encontrei um pequeno livro sobre a história da prostituição. Esta será a leitura da próxima semana. Os detalhes seguem abaixo).
Terminada a Rua da Felicidade e vencida a tentação (nem bala, sequer), fui às Ruínas de São Paulo. Confesso que pensei que seria maior, mas é, na verdade, somente a fachada do que foi, uma vez, uma igreja, construída entre 1602-1640, e destruída por um incêndio em 1835. As Ruínas de São Paulo eram, na verdade, um complexo construído pelos jesuítas e constituído pela igreja e pelo Colégio São Paulo. Vale a pena subir as escadarias e ver a cidade de cima.
Mas melhor ainda é a vista que se tem do Forte do Monte. Esta é uma construção também jesuítica e serviu para defender os portugueses das investidas holandesas. Construído entre 1617 e 1626 e com uma área de 10 mil m², o Forte foi recuperado no final do século XIX e completamente reformado nas décadas seguintes. De Forte mesmo há pouco. Alguns poucos canhões, a estrutura. No lugar das casas militares há um belo jardim, onde fica o Museu de Macau. Este foi auge do dia.
O Museu de Macau é enorme. Nele há exemplares da cultura portuguesa e chinesa. Réplicas de igrejas e artefatos católicos se fundem com a cultura budista – ainda muito preservada por aqui -, numa massa esquizofrênica a qual chamamos de Macau. Lembrou-me muito o museu da Puc, pois é todo interativo e, ao contrário dos museus de Pequim, há explicações lógicas sobre o que vemos e em várias línguas. Passei horas lá dentro, lendo tudo, anotando tudo, absorvendo. Ali dentro foi reconstruído o centro português de Macau, pelo qual podemos passar enquanto acompanhamos a história. Mas o especial mesmo é que, devido ao Ano Novo Chinês – o maior evento no país, que será comemorado no próximo dia 18 -, há uma grande exposição de gravuras de Yangliuqing, que se chamam Nian-hua. São coloridas representações do alegre do dia-a-dia dos chineses, crianças de rosto bastante arredondado (que representa felicidade e prosperidade), mulheres, ópera. Estas figuras as da dinastia Song, mas se desenvolveram muito durante as dinastias Ming e Qing. Estas gravuras vieram do norte da China, de uma província chamada Tianjin, e Yangliuqing é um dos maiores representantes desta arte.

É incrível como minha sorte sempre me levou a me cercar das pessoas mais fascinantes. Sexta-feira fui convidada a participar de um jantar do jornal na casa de Carlos, o dono do jornal. Mas primeiro é preciso falar das pessoas. Trabalham no jornal três jornalistas portugueses e uma chinesa. É um jornal pequeno, mas cheio de detalhes. Sofia é uma aquariana muito ligada em política. Carlos é um virginiano todo cultural. Algumas conversas interessantes. João, o diretor, é quieto, reservado, casado com uma brasileira. Carlos, o dono do jornal, é um escorpiano chique de Lisboa. Estudou antropologia e todo o resto. A casa dele é tomada de livros e filmes. Mas tomada mesmo! Típico apartamento de um bachelor intelectual. O brinde foi ddicado a mim, mas senti que deveria ser ao contrário. Lá estava eu, humilde jovem brasileira, cercada do melhor queijo, do melhor vinho e da melhor conversa. Carlos, o bachelor, sabe tudo de tudo. Incrível. Como semana que vem ele vai embora para Portugal, é na casa dele que vou morar. E não poderia estar mais feliz. Quando ele me ofereceu o apartamento, pediu que eu fosse lá um dia para que me explicasse as coisas. Pensei que ele falava de aparelhos, interruptores e máquina de lavar. Não. Ele me mostrou onde eu poderia encontrar os livros e os filmes. Tudo brilhantemente organizado.
Nas paredes vermelhas há muitas obras de arte e quadros de filmes famosos. Outros, desconhecidos para os não-intelectuais como ele. Luzes secundárias, taças especiais. No meio da noite percebi que a conversa variava sutilmente enquanto bebíamos um dos 10 melhores vinhos do mundo – que custa algumas centenas de Euros. Demorou um tempo para assimilar que aquela seria minha casa. Algo me diz que vou passar algumas boas horas acordada tentando entender a lógica das coisas.
Este Carlos me deu também alguns vários livros sobre a China, que vão contribuir e muito com minhas expectativas – e também com o meu já existente excesso de bagagem.
“Forgive father for I have sinned”: na volta para casa, encontrei-me numa ruela – que não estava no meu plano – onde havia um sebo. Comprei mais algumas coisas. Nas bagagens eu penso depois. O importante, nessas alturas, é a leitura.

Thursday, February 01, 2007

De Macau

A proximidade com o portugues me faz lembrar da vida, e da vontade (assim mesmo) do Brasil, confesso. Tambem parei para pensar nos milhares de erros que ha em tudo que escrevi aqui ate agora. Sempre achei estupido as pessoas dizerem se confundir quando muito tempo fora, mas a verdade eh que acontece. Nossa, a sintaxe de algumas frases eh pessima. Haver sem h... Mas vou deixar tudo assim como lebranca. Assim como os acentos. Sem acentos. Ha pouco - mas constantemente - pensando em ingles e chines, a gramatica da lingua parece apenas uma lembranca distante. A Fe Reche deve ler e querer morrer. Mas, ate agora, nao me arrependo de nada. Talvez da falta do h... Mas do resto, "eh tudo lindo".
Hoje eh dia 1o e, como de praxe, nao quero nada nem ninguem. Passei a manha caminhando, respirando fundo. Esta tarde escutei mil vezes a musica "Vero", que sempre me faz pensar.
"A vida eh assim, eh o que eh", ela diz. E eu concordo. Em termos.
Prometo que do final de semana nao passa - responderei a todos os e-mails, e tentarei descobrir como colocar aqui as milhares de fotos (mais amadoras, impossivel!) que tenho ate agora.
Mas hoje, nao. Hoje nao...